O dia em que Edward Snowden colocou a NSA no modo “exposto”

O ano era 2013, o mundo ainda se recuperava das redes sociais sendo só “diversão inocente”, as big techs eram vistas como salvadoras do futuro e todo mundo achava que seus e-mails eram… privados. Até que um analista de 29 anos resolveu soltar o verbo e, com um clique, jogou a maior agência de espionagem do planeta no ventilador da internet.

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Edward Snowden, então funcionário de uma contratada da NSA, vazou milhares de documentos confidenciais mostrando como o governo dos Estados Unidos vinha espionando não apenas “suspeitos” ou “terroristas”, mas todo mundo. Literalmente, de presidentes aliados a você, que só queria assistir um vídeo no YouTube sem propaganda e sem ser rastreado.

O programa PRISM e o Google que te espiona

Caso Snowden o que era o programa PRISM?

Entre os vazamentos mais barulhentos estava o programa PRISM. Não era ficção científica, nem paranoia conspiratória. A NSA estava de fato coletando dados diretamente de gigantes como Google, Apple, Microsoft, Facebook e cia. A justificativa era sempre a mesma: segurança nacional.

Mas o que pegou mal meus caros leitores(a), foi que essa vigilância não se limitava a supostos criminosos. Emails, mensagens, chamadas de voz, históricos de busca… estavam todos ali, arquivados com um zelo quase maternal.

E o pior, a maioria das empresas envolvidas jurava não saber da extensão dessa coleta. Algumas, como a Apple, reagiram publicamente, negando cooperação e reforçando sua “missão” de proteger a privacidade. Outras preferiram o silêncio. Mas o estrago já estava feito.

Herói, traidor ou o funcionário que cansou da hipocrisia?

Snowden não roubou dados pra vender no mercado negro, não pediu resgate. Não tentou invadir contas bancárias. O que ele queria era bem mais perigoso: mostrar pro mundo que a liberdade digital era uma farsa.

Quando entregou os documentos a jornalistas em Hong Kong, ele sabia exatamente o que viria. Foi acusado de traição, espionagem e virou o rosto mais procurado do planeta tudo isso em nome do princípio de que a população precisava saber o que o Estado estava fazendo em nome dela.

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Depois de ser perseguido pelo governo americano, Snowden acabou ficando preso metaforicamente na Rússia. Um país que, ironicamente, tem seu próprio histórico nada amigável de vigilância. Desde então, vive exilado, entre entrevistas, lives e aparições em conferências sobre segurança digital.

O abalo no mundo todo foi real

A reação foi global, governos aliados dos EUA, como a Alemanha e o Brasil, exigiram explicações públicas. Angela Merkel, que teve seu telefone pessoal grampeado, não ficou nada satisfeita.

O Congresso americano, sob pressão, teve que abrir discussões públicas sobre os programas de espionagem. A própria NSA reformulou alguns deles. A lei chamada USA FREEDOM Act, aprovada em 2015, limitou certos tipos de coleta de dados em massa.

Empresas de tecnologia, que antes andavam de mãos dadas com as agências, começaram a reforçar sua imagem de defensoras da privacidade. Foi o início da era dos apps com criptografia de ponta a ponta. WhatsApp, Signal, Telegram… todos passaram a oferecer alguma forma de proteção “militar”.

E o impacto foi ainda mais profundo na Europa, onde o escândalo foi um dos gatilhos que levaram à criação da GDPR, a lei de proteção de dados que virou modelo global.

Snowden hoje: exilado, mas influente

Snowden continua vivendo na Rússia. Em 2022, recebeu cidadania russa por decisão de Vladimir Putin. Algo que, naturalmente, só aumentou a polêmica. Ao mesmo tempo, Snowden mantém presença ativa na internet, dá entrevistas e publica artigos sobre segurança, liberdade digital e vigilância em massa.

Ele ainda é uma figura polarizadora. Pra alguns, é um mártir moderno, um novo tipo de ativista que arriscou tudo por um ideal. Pra outros, é só um traidor que comprometeu a segurança nacional.

Mas independentemente da opinião, é impossível negar que ele mudou as regras do jogo.

Ilusão da privacidade digital

O caso Snowden nos obrigou a encarar uma realidade desconfortável: ninguém está fora do alcance da vigilância digital. E isso não é papo de teórico da conspiração. É fato.

Os rastros que deixamos online são valiosos demais pra serem ignorados. E embora as empresas jurem estar do nosso lado, sabemos que há um preço invisível por trás da conveniência dos serviços gratuitos.

O escândalo Snowden expôs que a internet não é neutra. Ela é monitorada, filtrada e usada como arma por governos, por empresas e, às vezes, por nós mesmos.

A história de Edward Snowden é um divisor de águas na história da internet. Não só porque revelou o que estava escondido, mas porque nos obrigou a encarar a pergunta que ainda incomoda: Quem é que vigia os vigilantes?