A polícia da Holanda anunciou a derrubada dos mercados Bohemia e Cannabia, considerados os maiores e mais antigos mercados da dark web voltados para a venda de produtos ilegais, drogas e serviços de cibercrime.
O sucesso da operação foi fruto de uma investigação colaborativa envolvendo Irlanda, Reino Unido e Estados Unidos, iniciada no final de 2022, de acordo com informações divulgadas pela Politie (polícia holandesa).
As atividades do marketplace foram interrompidas no final de 2023, após relatos de interrupções no serviço e suspeitas de “exit scams“, quando um dos desenvolvedores teria agido de forma desonesta, em um evento descrito por um dos administradores como “lamentável e cheio de rancor.“
O fim dos maiores Mercados da Dark Web
Bohemia chegou a exibir 82.000 anúncios diariamente em todo o mundo, com aproximadamente 67.000 transações realizadas por mês. Apenas em setembro de 2023, o mercado movimentou cerca de 12 milhões de euros.
“Alguns dos vendedores anunciavam o envio de produtos a partir da Holanda”, “Uma análise preliminar mostra que pelo menos 14.000 transações ocorreram na Holanda, somando um valor de pelo menos 1,7 milhão de euros.”, Policia Holandesa
As investigações permitiram que a polícia identificasse vários administradores e realizasse a prisão de dois suspeitos, sendo um na Holanda e outro na Irlanda. Além disso, dois veículos e criptomoedas no valor de 8 milhões de euros foram apreendidos durante a operação.
A Ilusão da anonimidade na Dark Web
De acordo com Stan Duijf, chefe da unidade de operações da Investigação e Intervenção Nacional da Holanda, os administradores, vendedores e compradores nesses mercados ilegais frequentemente acreditam que estão fora do alcance das autoridades.
“Com as investigações criminais e as consequentes prisões, fica claro que a dark web não é tão anônima quanto seus usuários imaginam”, afirmou Duijf. “Graças à cooperação internacional, a credibilidade e a confiabilidade desses mercados foram mais uma vez severamente abaladas.”
Desenvolvimentos recentes na Ucrânia
Em outro caso relacionado, autoridades ucranianas prenderam um homem de 28 anos acusado de operar uma rede privada virtual (VPN) que permitia o acesso de pessoas dentro do país à internet russa (Runet), violando sanções.
O serviço, que contava com mais de 48 milhões de endereços IP, foi supostamente criado por um hacker autodidata da cidade de Khmelnytskyi, em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Segundo a polícia cibernética da Ucrânia, o acesso era facilitado por um servidor autônomo instalado no apartamento do suspeito, além de servidores alugados na Alemanha, França, Holanda e Rússia.
“O homem divulgava seu serviço em seus próprios canais no Telegram e em comunidades temáticas, além de plataformas de TI conhecidas, onde se apresentava como desenvolvedor de projetos e encontrava pessoas com interesses semelhantes”, informou a agência.
Além disso, recentemente dois indivíduos afiliados ao grupo hacker russo Armageddon (também conhecido como Gamaredon) foram condenados a 15 anos de prisão por realizar ataques cibernéticos contra entidades governamentais ucranianas, de acordo com o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU).
Os nomes dos condenados não foram divulgados, mas o fim dos maiores mercados da Dark Web envia um forte recado a todos que administram ou utilizam essas plataformas ilegais.